Paulo Coelho

Paulo Coelho

O nordeste vai para São Cristóvão | The northeast goes to São Cristóvão

(undated text) Domingo é dia de festa: o nordeste vai para São Cristóvão | Sunday is a feast day: The Northeast goes to São Cristóvão

São seis horas da manhã, e Luis Felipe dos Santos é um dos primeiros a chegar no Campo de Sao Cristóvão. Espalha sobre a mesa de sua barraca uma infinidade de miudezas, desde porta-documentos de todos os tamanhos até aparelhos de barbear, gravatas, e bonecos de cerâmica.
Daqui a pouco começa a Feira do Nordestino, – explica Luis – e todo nordestino tem sangue índio. E capaz de trocar a sua terra por meia dúzia de espelhinhos.
Quem vai a Feira do Nordestino, – que se realiza todos os domingos, das sete as 14 horas, no Campo de São Cristóvão – procurando encontrar coisas típicas do nordeste brasileiro, terá uma grande decepção. A feira, que antas vendia produtos trazidos pelas pessoas que chegavam, transformou-se pouco a pouco numa enorme manifestação de adaptação do nordestino à vida da grande cidade.
É ali que os costumes são mudados pouco a pouco: ele troca sua peixeira por ferramentas, seu chapéu de couro por uma camisa estampada, seu saco de farinha por uma lata de marmita. O comprador que busca artesanato e curiosidades nordestinas irá encontrar apenas algumas redes, livros de cordel, e um único prato de comida típica, sarapatel. Entretanto, o elemento cultural e os valores regionais estão sempre presentes, quase intocáveis, em todo o desenrolar da Feira do Nordestino. Os cantadores e repentistas apresentam seus trabalhos cercados por uma multidão compacta, que faz apostas para ver quanto tempo aguentarão desenvolver um mesmo tema. Em frente a um dos portões do Pavilhão de São Cristóvão, um conjunto regional se apresenta na hora de maior movimento. Honório Rodrigues, dono do “Regional Beleza do Brasil”, comenta: Nos não fazemos isto para ganhar dinheiro. E claro que o pessoal deixa sempre uns trocados no pandeiro que a gente passa depois de cada show, mas este dinheiro e gasto no aluguel da kombi que traz as instrumentos e o material de amplificação. A gente faz iso porque gosta.

It’s six o’clock in the morning, and Luis Felipe dos Santos is one of the first to arrive at the Campo de São Cristóvão. Scattered on the table in his tent are a myriad of items, from briefcases of all sizes to razors, ties, and ceramic dolls.
Soon the Nordestino Fair begins, – explains Luis – and every North-Easterner has Indian blood. And is capable to trade his land for half a dozen small mirrors.
If you are going to the Nordestino Fair, which takes place every Sunday, from 7 am to 2 pm, at the Campo de São Cristóvão – to try and find typical things of the Brazilian northeast, you’ll be hugely disappointed. The fair, where once products were sold by people coming in, was gradually transformed in a huge manifestation of the adaptation of North-Easterners to life in the big city.
This is where customs change little by little: fish knives are replaced by tools, a leather hat by a patterned shirt, a sack of flour by a lunch box. The buyer seeking northeastern crafts and curiosities will find only a few hammocks, cheaply printed books, and a single kind of typical food, sarapatel. However, the cultural element and regional values ​​are always present, almost untouchable, throughout the Nordestino Fair. Singers and improvisators present their work surrounded by big crowds placing bets to see how long they can continue on the same theme. In front of one of the doors of the São Cristóvão Pavilion, a regional group presents itself at the busiest time. Honório Rodrigues, leader of the “Regional Beauty of Brazil”, comments: We don’t do this to make money. Of course, people always leave some change in the tambourine we pass after each show, but this money is spent on renting the van that brings the instruments and the amplifiers. We do this because we like it.

Details


Back To Top