This 1977 poem is dedicated to his father.
Ao meu pai
Fazer presentes os valores do passado
manter a lama em que pisamos esquecida;
lutar sorrindo por um ideal mais alto
sem perceber que este ideal te exige a vida
Deixar que sonhos enterrados te conduzam,
a acreditar no homem bom, no céu, na paz;
manter na alma a visão do amor perfeito,
sem ver no amor o imenso ódio que ele traz.
Passar a vida no trabalho sufocado,
sofrer a pior dor possível sem alarde,
ficar com fome pra que o filho se alimente.
Morrer sem nada, mas deixando o nome honrado;
sem perceber que a honra é o truque mais covarde
para manter o homem pobre, mas contente.
Londres, 6.10.1978